Dolores

Eu estava lá, sentada, olhando as pessoas irem e voltarem, até que ela passou, pode ser o cabelo, poderia ter sido a roupa, um tanto extravagante é verdade, mas ela estava alegre e resolvi acompanhá-la, fui até a porta daquele prédio, várias pessoas entravam e saiam. Poxa, pessoal bacana, eles foram legais comigo... ganhei alguns afagos, ganhei água, eles vinham me ver e conversavam... o que será que falavam?! 

Foi ai que eu o vi pela primeira vez... ele estava de costas, eu fiquei sentadinha na porta olhando, e então, ele se virou. Me abanei toda feliz e, funcionou! Parece que ele tentou resistir, mas veio me ver, ensaiei alguns passinhos, e então ele não resistiu e ganhei alguns afagos, ele parecia legal! 

Mas depois ele entrou novamente, de qualquer forma, resolvi ficar por ali, o pessoal era bacana. Segui algumas pessoas, mas acabei voltando, parecia um bom lugar para ficar mais um pouco. Ainda o vi entrar e sair mais uma vez, sempre brincando comigo... Mas, ele entrou e parecia que não ia sair mais... Fui descendo a rua novamente, fui cheirando um ou outro portão, as vezes me assustava com os carros, acho que estava um pouco cansada! Brincar com aquele pessoal me cansou... então resolvi me sentar um pouco naquele gramado, já estava chegando a noite...

Olhei meio assustada quando um carro parou, tava me preparando para sair quando a porta se abriu, ué... eu conheço... era ele que estava lá dentro! Mas olha! Fui me aproximando com cuidado, mas era ele mesmo! Quando parei do lado do carro, ele se deitou por cima do banco e me puxou para dentro... E agora?! 
Ele foi falando comigo... Todo mundo olhou para nós quando entrei no colo dele naquele lugar cheio de coisas e de comida, sei não, acho que ele estava meio fedido... 

Tive a sensação que ele estava me escondendo quando chegou em um outro lugar, mas era um luga simpático, foi meio chato quando ele me enfiou embaixo de uma chuva quentinha... que estranho! Mas foi legal quando ele me enrolou em uma coisa estranha... 

Como já estava escuro, eu achei uma caixa e subi para dormir... ele veio e me pegou no colo, e me colocou em um lugar diferente para eu dormir... macio, quentinho, gostei! Ele é meio grudento, mas gostei dele... acho que vou dar uma chance para ele... 

Vou tentar!!!

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Bom... dizem que "os ventos que às vezes tiram algo que amamos, são os mesmos que trazem algo que aprendemos a amar...", isso meio que resume meus últimos dias, entre alguns dias meio complicados nessas últimas semanas, fui obrigado a me despedir de um dos meus cachorros...  

Mas eis que nessa semana, o vento me trouxe algo novo... algo para aprender a amar... Como eu tenho, ou melhor, tinha dois cachorros, e eles cresceram juntos, o que ficou estava bastante agitado, por isso estávamos cogitando adotar um outro cachorro... Apesar de sempre criar cães da raça Boxer, e eu os adoro, estávamos com a intenção de adotar um "vira-lata"... tem tantos cães precisando de um lar, nzé?!

Nosso plano era ir a uma feira de filhotes no próximo domingo, por isso, quando vi aquela cachorrinha sentada na porta daquele prédio, onde nunca tem um cachorro por perto, bem na hora que eu estava ali, me pareceu difícil de acreditar que não havia um dedinho de alguém lá de cima. Fiquei pensando como ela tão pequenina sobreviveria, sem falar que é uma avenida movimentada, ou seja...  

Tentei resistir, "combinei comigo mesmo", que se ao terminar a reunião ela ainda estivesse lá, eu a levaria! Bom, tenho que confessar que eu fiz uma certa trapaça, quando eu sai, ela não estava mais lá... Por isso, dei uma olhada ao redor, fui até a esquina, espichei o pescoço um pouco, até que a vi, sentadinha algumas quadras a diante... não tive dúvidas, peguei o carro e fui atrás... 

"Pai" de primeira viagem é meio complicado né?! Mas, apesar de parecer que passou um tsunami na minha casa, já estamos na casa dos meus pais. Hoje fui com ela no veterinário, aparentemente está tudo bem, pela dentição ela deve ter uns 4 meses, mas vamos aguardar o resultado do hemograma para ver o que vai ser necessário... vacinas, castração e por ai vai.

Legal vê-la correndo pela casa toda faceira, fiquei pensando por onde ela andou nesses meses, o que já deve ter passado pela rua, interessante ver como os animais, ainda que filhotes, lutam para sobreviver... apesar da falta que o outro dog faz, é bacana perceber que a vida se renova... e assim a roda vai girando...

E assim, eu apresento a vocês... Dolores!!!

"Se fui pobre, não me lembro!"
(DOLORES)

Presente do Dia dos Namorados

Então, eu podia estar fazendo um bocado de coisas e eu DEVIA estar lendo uma pilha de artigos que eu trouxe para fundamentar um projeto, mas.... em funções das condições climáticas lá fora, eu estou aqui, na cama, enfiado no meio de um edredom, tentando trazer comida da cozinha com a força do pensamento e fuçando na Internet atrás de bobeira.

Como vocês podem ver eu sobrevivi ao Dia dos Namorados, blèp! :P

Mas é impossível não pensar sobre ele, devido ao bombardeio a que nós mero mortais somos submetidos diante de tal data... talvez por isso eu tenha me lembrado de um "causo".

Uma vez, eu contei aqui no blogue sobre o primeiro presente de dia dos namorados que eu ganhei (infelizmente, ele também continua sendo o único, mas isso é outra história). Eu estava querendo virar um mocinho, acho que eu tinha uns 12 anos... e estava morando no Interior de São Paulo. Saído de um apartamento em São Paulo, foi um termo de descobertas para mim, finalmente eu podia andar de bicicleta pela rua, jogar bola, tinha um cachorro!!!  Esse mundo de aventuras me custaria uma clavícula quebrada e alguns tombos de bicicleta - eu tenho uma cicatriz na coxa, por conta de um desses tempos, em que eu literalmente fiquei "ralado" por quase um mês. 

Ela era minha colega na escola... mas eu só fui notá-la nas aulas de catecismo! Pois é, fui desses! E foi assim, que todas as minhas táticas para escapar da missa no domingo de manhã, foram por terra abaixo... No fim, eu acabaria virando coroinha por conta dela, pois ela ajudava na igreja. Bem magrinha, mais ou menos da minha altura na época, ela tinha olhos grandes e o seu grande terror eram os cabelos, que eram mais crespos. 

Ah! detalhe importante, a mãe dela era a carola mais carola da cidade e o pai, bem... o pai tinha sido Padre naquela paróquia - tendo abandonado a batina, ele se casou e desde então, trabalhava naquela igreja. Ela teve duas filhas, a mais velha tocava órgão nas missas e nos casamentos, me lembro de um dia, enquanto conversávamos em um sábado a noite "na praça", ela muito nervosa e constrangida, me contaria que tinha sido adotada... (Bom, se hoje, saber que a pessoa por quem estou interessado foi adotada não faria a menor importância para mim, naquela época então.)

E assim, minha primeira namorada foi, "A filha do Padre!". 
(Acho que isso explica muito coisa... rs).

Nunca houve um pedido formal, e devo reconhecer que eu sempre fui muito lerdo para essas coisas - até hoje, mas naquele dia de junho, em um distante oitenta e qualquer coisa, eu vinha descendo a rua e quando virei na esquina a encontrei. Nervosa, ela me entregaria um embrulho, ali mesmo, e logo partiria embora... Era um presente que eu não consiga entender muito bem porque estava ganhando... Foi tudo muito estranho para mim... mas, okay! Obrigado!!! (Que burro que eu era/sou/sei lá...)

Não muito tempo depois, eu mudaria daquela cidade... e lá ficaria ela. 

O presente em questão... e que foi objeto de muita risada pelo Fred, do TPM de Macho uma vez, era um talco da linha "infantil", "juvenil", sei lá... da Avon. Era um talco jogador de futebol que a tampa era um apito! Eu não sei que fim levou o meu bendito presente, em alguma mudança eu devo tê-lo perdido... e quando mais velho, quando finalmente comecei a entender todo o significado daquilo, não mais achei para comprar. Nem na internet eu achava foto, até que hoje, fuçando... eis que eu encontro uma imagem de um catálogo da Avon de mil novecentos e bola... e quem estava lá, todo pimpão?!


Caraca, do jeitinho que eu me lembrava dele... fui obrigado a rir sozinho!

Só para constar... alguns poucos anos atrás, olhando as fotos do casamento de uma grande amiga da minha mãe, quem aparece em uma das fotos?! Exato! Os mesmos olhos grandes e escuros estavam lá, praticamente o mesmo rosto, ela se tornou uma bela mulher!!! E pelo o que pude ver, finalmente tem o cabelo que sempre desejou, junto dela uma garotinha.

Ela já era mãe! As fotos seguintes me "apresentariam" seu esposo e a filha, que se parece muito com ela quando era pequena... Olhando as fotos era nítido que formavam uma bela família, confesso que foi estranho revê-la, como assim casou?! [kkkk] Passado o susto, de coração eu espero que ela seja muito feliz. 

Acho que nessa altura dos acontecimentos já é meio tarde para agradecer pelo presente e dizer que ela seria muito importante na história da minha vida, e que mal sabia ela que muitos anos depois eu ainda estaria falando do presente que ela me deu aquela tarde!
(E que eu, muito topeira, nem sabia a razão direito).

Quem sabe no ano que vem, né?! kkk

O 163.º dia do ano [2]

Demoraria um bocado tempo até ele ter noção do que se tratava gostar de alguém. Diferente dos poucos amigos que teve ao longo do caminho, precisou aguardar alguns longos anos até que pudesse começar a entender o que de fato, se tratavam as tais coisas do coração. Durante esse tempo, fora apenas o espectador de um estranho fenômeno que acontecia ao seu redor, contagiando pouco a pouco seus amigos. Mas que ele próprio parecia ser imune, uma vez que tudo indicava que nunca seria afetado por tal “mágica”.

Talvez por isso nem tenha se dado conta quando foi tocado por aquele sentimento a primeira vez, a consciência da existência de toda uma nova dimensão, totalmente desconhecida para ele até então, alertou-o que havia algo a buscar, algo que ele não aprendeu a reconhecer quando jovem, mas que passou a sentir dentro de si o desejo de um dia encontrar.  

Também, sempre ouviu que contos de fada não existiam, mas acredita que os príncipes existem, não aqueles que chegam em lindos cavalos, trajando impecáveis uniformes... No mundo real, muitas vezes, os encontramos à beira do caminho, vindo de suas batalhas, muitas vezes machucados, muitas vezes feridos de morte. Mas ainda assim, Príncipes.

Em suas buscas, teve a sorte de encontrar com alguns... já não esperava ser exatamente "salvo", e também já compreendia que nenhum deles lhe traria o tal esperado coração - que um dia julgou não ter. Ao contrário, de todos eles, apenas esperou que aceitassem o convite para caminhar com ele, enquanto buscava respostas de como preencher o coração, tão novo e aparentemente tão grande que ele sabia possuir. 

Cada um deles, lhe deu de presente, peças miúdas de um grande quebra-cabeças, que com a ajuda do tempo aos poucos ele descobriu como montar, a ponto de reconhecer que de fato, tal quebra cabeça, é na verdade, um espelho...  daqueles grandes, onde ele pode se ver por inteiro, com seus medos e suas inseguranças... Também pode ver que apesar de inexperiente e imaturo, o ansioso coração que as vezes bate descompassado, aos poucos vem sendo preenchido, ciente de que mais que ser cuidado, também anseia por cuidar de alguém... 

Até lá...


(ON MY OWN, Les Miserablès - Cena de Dawson´s Creek)
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Em tempo... informamos a quem possa interessar que amanhã é dia de Santo Antônio!!! 

Fica a Dica! :P

Fragmentos - Um Sábado a Tarde...

... Enquanto boceja, se lembra de que realmente não deveria ter aceitado aquela terceira taça de vinho, o gosto ainda amargo em sua boca, apesar de meio dia já ter passado desde que começou o dia, parece lembrá-lo que deixar o bom senso de lado tem seu preço. Apesar das taças a mais, acordou cedo, banhou-se e após fazer seu café foi ao trabalho – que rendeu como nunca.

Agora, recostado em sua cama, deveria estar lendo alguns dos vários artigos que precisa ler para embasar um projeto, mas se perde em pensamentos, se perde espreitando a vista externa que a cortina displicentemente aberta deixa transparecer. Não pode ver muito, mas encanta-se com a copa das árvores ao longe, o tom mais amarelado de uma delas, denuncia os dias frios que se passaram, mas algumas ainda resistem com seu tom verde escuro.

O barulho do vai e vem dos carros na, anuncia um movimento atípico para uma tarde de sábado, menos para ele... que na penumbra do seu quarto, aproveita o silêncio que se faz presente na casa, pensou em escolher uma música para ouvir... mas continuou perdido, encantado com fresta da cortina.

O piscar mais lento e o súbito peso das pálpebras parecem convidá-lo a um cochilo, bastaria escorregar um pouco mais em sua cama, e terminar de puxar o edredon que estrategicamente foi colocado sob suas pernas... mas mais uma vez os artigos, pensa no supermercado que deveria visitar, mas considera seriamente o convite para sonhar.

Sua maior dúvida neste momento, continuar a sonhar acordado ou render-se e permitir fechá-los...



"Apenas seguirei como encantado
Ao lado teu"

(TODO O SENTIMENTO - Maria Bethânia)

E se eu morrer?!

Este post foi inspirado por este post do Edu, do blogue O Livro dos Meus Dias, estava eu dando aquela navegada básica pós almoço, quando me deparei com esse texto dele... conforme eu fui lendo, fui me "revisitando" no ano passado, quando me fiz essa pergunta. 

Ano passado, eu precisei fazer uma cirurgia...  estive "por ai" durante 3 horas, anestesia geral, camisolinha com direito a bundinha de fora, dreno e tudo mais que se tem direito. Naqueles dias, conforme a data da cirurgia foi se aproximando, essa questão começou a me inquietar... E se eu morrer?!

Tudo bem que eu posso morrer daqui a meia hora quando estiver indo para o trabalho, mas naquela hora, várias variáveis pesavam na equação e uma cirurgia é sempre uma cirurgia... Minha avó paterna, faleceu aos trinta e poucos anos, por conta de um choque anafilático ocorrido durante um tratamento... meu pai, uns dos filhos mais velhos ficou órfão de mãe aos 9 anos. 

Não tive medo de morrer em sí, mas foi doloroso pensar que eu poderia "voltar", sem ter vivido uma história de amor [de verdade], tal qual quem se prepara para uma grande viagem, foi chatinho imaginar as pessoas que nas pessoas que ficariam... 

Mas havia uma questão... e sobre todas as coisas que "ninguém" sabe sobre mim... e o meu blogue!? Confesso que comecei a escrever as tais cartas... pensei em deixá-las em uma prateleira no meu guarda roupa, fáceis de serem encontradas. Eram duas cartas, na primeira, além das diretrizes para que minha irmã achasse meu blogue, havia também instruções para ela postar alguma coisa avisando. A outra, era na verdade uma carta de agradecimento para uma pessoa, que já naqueles dias me era especial. 

No fim, acabei rasgando todas elas... resolvi deixar que a vida seguisse seu fluxo, apenas conversei com a minha mãe e expliquei que precisava que ela fizesse algumas coisas por mim, independentemente do resultado da cirurgia. 

E assim, foi feito... 

Bom, agora é correr atrás do prejuízo, para poder riscar mais alguns itens da minha listinha de coisas a fazer/viver.

E agora, de volta a nossa programação normal! ;-)

Salão Pomba´s

Nos primeiros anos de vida, eu tinha uma bronquite muito severa, o que fazia com que eu fosse habitué a um pronto-socorro infantil que existia na Angélica (em São Paulo), outro efeito colateral é que em função dos remédios que eu tinha que tomar, eu precisei fazer tratamento dentário muito cedo, ainda com dentes de leite.

[Na época] Meu dentista, era um Japa, me lembro do nome dele até hoje, só não sei dizer se ele contribuiu para o meu medo de dentistas, mas conta minha mãe que ele tinha a maior paciência comigo, e que assim que eu chegava, ele ficava horas "conversando" comigo e mostrando todos os "ferrinhos"... 

Em uma dessas "visitas", eu havia cortado o cabelo... e, se seguiu o seguinte diálogo: - Nossa "Pequeno Latinha", cortou o cabelo?!

Enquanto eu escalava a famosa cadeira, diz minha Mãe que eu sentei todo animado e feliz  da vida, respondi: Foi sim, meu pai falou que seu Manoel coçou a b***** antes de cortar meu cabelo!!! 

Logo se vê que o corte não havia resultado bem. Segundo minha mãe, ela quase cavou um buraco para se enfiar, tamanha a vergonha que passou...  Dr Japa, apenas deu um sorriso e foi que foi! kkk

Eu sou cabeludo até hoje... sempre tive cabelos pretos e fartos, quando mais "grande" os fios são levemente ondulados, resumindo, pensa em um dos Beatles, pois é... naquele naipe! Minha irmã me chamava de "capacete da guarda real britânica" quando ela não estava muito contente comigo... De qualquer forma, meu cabelo é supostamente fácil de cortar, entretanto, se não souber cortá-lo... ele arrepia! 

Sábado foi dia de encontrar o PeluqueroSupostamente devíamos manter o mesmo corte, que havia funcionado bem nos últimos meses. Bem curto nas laterais e na nuca (odeio sentir cabelo na nuca)... fios um pouco mais longos na parte de cima, o que supostamente daria um jogo legal, já que eu uso cabelo penteado para o lado! (Estilo menino criado pela avó!)

Mas, por alguma conjunção de fatores, advinha o que aconteceu?! Pois é, arrepiou... uma tesourada a mais, e tchan!!! Resumo da história, por pouco eu não sai de lá, parecendo que tinha ido na "Ação Global".... e lá se foram os meus fios "mais longos". 

Mais um pouco e eu saia de lá só com as orelhas mesmo! [hauahua] Tá, não ficou tão ruim... e assim, corte militar nunca sai de moda, né?! Enquanto manobrava o carro, acabei me lembrando dessa história... cheguei em casa rindo sozinho!




E para esperar o sono chegar nessa segundona fria... uma musiquinha..


"...E às vezes tudo que eu preciso é algo para se acreditar
Uma lufada de ar mais quente para me ajudar a continuar respirando..."
(A LITTLE BIT - Nicholas Wells)